Existem
diferenças entre os anjos, mas não consta na Revelação qual sua origem nem seu
modo preciso. É questão de livre discussão se os anjos são todos da mesma
espécie, ou se existem tantas espécies quantos são os coros, ou se cada
indivíduo constitui uma espécie por si (opinião de São Tomás).
De acordo com
uma tradição que remonta ao Pseudo-Dionísio Areopagita,* os teólogos costumam
agrupá-los em nove ordens ou coros angèlicos, distribuídos em três hierarquias
( os nomes são tomados da Sagrada Escritura):**
*Renomado escritor eclesiástico dos primeiros
séculos, cuja identidade não se estabeleceu ainda ao certo, durante muito tempo
confundido com o sábio convertido por São Paulo no Areópago de Atenas (cf. At 17,
34). Uma de suas obras mais célebres é De
coelesti hierarquia — Sobre a hierarquia celeste, na qual estabelece a
ordem dos Anjos, deteminada pelo seu grau de assimilação a Deus, de união com
Deus, do dom de luz divina que recebem e transmitem aos Anjos inferiores.
** Por exemplo: Serafins ( Is 6,2); Querubins ( Gen
3,24; Ex 25, 18; 3 Reis 6,23; Sl 17, 11; Ez 10,3; Dan 3,55); Arcanjos ( 1 Tes
4,15; Jud 9); Anjos, Potestades, Virtudes (1 Ped 3,22); Principados, Dominações
( Ef 1,20-21); Tronos (Col 1,16).
Primeira
hierarquia - Serafins, Querubins, Tronos;
Segunda
hierarquia - Dominações, Potestades, Virtudes;
Terceira
hierarquia - Principados, Arcanjos e Anjos.
Os anjos dos
três primeiros coros ou primeira hierarquia - Serafins, Querubins e Tronos contemplam
e glorificam continuamente a Deus: " Vi o Senhor sentado sobre um alto e
elevado trono... Os Serafins estavam por cima do trono ... E clamavam um para o
outro e diziam: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos" (Is 6,
1-3 ). " O Senhor reina ... está sentado sobre querubins" (Sl 98,1);
os três coros seguintes - Dominações, Virtudes
e Potestades - ocupam-se do governo do mundo; finalmente, os três
últimos - Principados, Arcanjos e Anjos - executam as órdens de Deus: "Bendizei ao Senhor, vós todos os seus
anjos, fortes e poderosos, que executais as suas ordens e obedeceis as suas
palavras" (Sl 102, 20).
Todos eles podem
entretanto ser chamados genericamente anjos, estando à disposição de Deus para
executar suas vontades. Embora o Evangelho,
na Anunciação a Maria, se refira ao anjo Gabriel ( Lc 1,26), isto não quer
dizer que ele pertença à última das hierarquias angélicas, pois a sublimidade
dessa embaixada leva a supor que se trate de um dos primeiros espíritos que
assistem diante de Deus.
Os três arcanjos
- como são conhecidos comumente São Miguel, São Gabriel e São Rafael -
pertencem, provavelmente, à mais alta hierarquia angélica. Falaremos deles mais adiante.
Embora não
conheçamos, o número exato dos anjos, sabemos, pelas Escrituras e pela
Tradição, que são muitíssimos,. É o que
lemos no livro do Apocalipse: "E ouvi a voz de muitos anjos em volta do
trono ... e era o número deles milhares e milhares"
(Apoc 5, 11). E
no livro de Daniel: “Eram milhares de milhares de milhares (os anjos) que o
serviam, e mil milhões os que assistiam diante dele” (Dan 7, 10).
Muitos teólogos
deduzem que o número dos anjos é superior ao dos homens que existiram desde o
princípio do mundo e existirão até o fim dos tempos. A razão disso é dada por
São Tomás ao dizer que, tendo Deus procurado principalmente a perfeição do
universo ao criar os seres, quanto mais estes forem perfeitos, Deus os terá
criado com maior prodigalidade. Ora, os anjos são mais perfeitos que os homens,
logo foram criados em maior número.
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