Queridos irmãos e irmãs, a quaresma nos ajuda a se encontrar com Deus através de uma conversão sincera e de uma mudança de vida par o bem.

O profeta Isaias nos exorta para que a pessoa aja com sinceridade e deve livrar-se do pecado e dos crimes. Ainda pede para que busque o Senhor, pratique a justiça e siga os mandamentos de Deus. Ele alerta que muitas práticas religiosas que fazemos não são frutos de um interior voltado para Deus, pois ficamos agindo, paralelamente o mal,  como podemos ver: “É porque no dia do vosso jejum tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas. Não façais jejum com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu” (Is 58,3-5). 
O jejum que agrada Deus é não praticar a injustiça, ser humilde e se penitenciar. Ainda ser livre, partir o pão com os necessitados, acolher os pobres e peregrinos, vestir os nus e ser por a serviço dos que estão em risco no mundo. Desse modo está escrito: “Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: "Eis-me aqui"” .(Is 58,8-9a)

Deus nunca despreza um coração arrependido e digamos com o salmo 51: Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!

Naquele tempo, os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: "Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?" Disse-lhes Jesus: "Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão" (Mt 9,14-15).

Segue o comentário do Evangelho feito por São Gregório Magno(c. 540-604), Papa, Doutor da Igreja
Ao comer do fruto da árvore proibida, Adão transgrediu os preceitos da vida (Gn 3,6). Quanto a nós, é reduzindo, na medida do possível, o que comemos que nos reergueremos e reencontraremos a alegria do Paraíso.

No entanto, que ninguém fique a pensar que basta essa abstinência. Com efeito, diz Deus pelo Seu profeta: «O jejum que Me agrada é este: [...] repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão» (Is 58,6-7). Aí está o jejum que Deus aprova: aquele que é apresentado com as mãos cheias de esmolas e o coração cheio de amor, um jejum todo preenchido de bondade. Dá a outrem aquilo de que te privas pessoalmente e a tua penitência corporal contribuirá para o bem-estar físico dos que passam necessidades.

Assim poderás compreender a censura do Senhor pela boca do profeta: «Quando jejuastes e chorastes [...], foi realmente em Minha honra que multiplicastes os vossos jejuns? E quando comíeis e bebíeis, não éreis vós os comedores e os bebedores?» (Zc 7,5-6) Ser comedor e bebedor é consumir alimentos destinados ao sustento do corpo sem os partilhar com ninguém, já que eles foram destinados pelo Criador a toda a comunidade humana. Jejuar em proveito próprio é privar-se temporariamente de alimento, mas reservar esse fruto da auto-restrição para o consumir mais tarde. «Ordenai um jejum», diz o profeta (Jl 1,14). [...] 
Que a cólera cesse e as querelas desapareçam! É vã a mortificação do corpo que não impõe ao coração a disciplina para refrear desejos desordenados. [...] Diz ainda o profeta: «No dia do vosso jejum só cuidais dos vossos negócios, e oprimis todos os vossos empregados. Jejuais entre rixas e disputas, dando bofetadas sem dó nem piedade» (Is 58,3-4). [...] Com efeito, só perdoando aos nossos irmãos é que Deus não nos imputará a nossa injustiça.

Assim, com coração aberto a Deus nós podemos viver com uma vida renovada e cheia de graça, pois estaremos praticando o bem e a justiça no mundo. Desse modo tudo se transforma e poderemos viver em harmonia com todos, respeitando a individualidade de cada um e colocando em pratica a verdadeira caridade em Cristo. (Amém)
Bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha

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