Papa Emérito: “O Senhor não abandona a sua Igreja”


A Igreja sempre é enriquecida pelos bons exemplos de pastores que sabem conduzir o seu rebanho a Deus. A morte para nós cristãos é uma breve passagem do terreno para o celestial. Nós somos acolhidos por Deus a todo tempo. Não estamos sós no mundo temos uma família que está conosco que é a Igreja. Esta é querida por Deus, pois lá que ensaiamos as pessoas para eternidade. Lá aprendemos a ser irmãos uns dos outros, praticando a justiça de Deus com  todos. 

Sentimos uma tristeza quando alguém que amos se vai, mas o que nos alimenta é a esperança que temos em Cristo que nos salvou da morte eterna. Há muitos sinais que Deus nos dá para nos confortar os nossos corações que ficam privados da visão humana de que amamos muito.

Um dia vamos nos encontrar para eterna alegria com todos que já nos precederam. A constelação do Santos e santos ornam o Reino de Deus e lá é que todos vão um dia se encontrar para a gloria de Deus. (teólogo Jose Benedito Schumann Cunha)

“O Senhor não abandona a sua Igreja, mesmo que, em alguns momentos, o barco esteja quase tão cheio ao ponto de afundar.”


Vai traduzido abaixo, em português, o significativo tributo do Papa emérito Bento XVI a seu amigo e conterrâneo recém falecido, o Cardeal Joachim Meisner. A morte deste fiel servo da Igreja se deu a 5 de julho, as palavras de Ratzinger foram escritas no dia 11 e tornadas públicas no dia 15 de julho, por seu secretário pessoal, Dom Georg Gänswein, durante a Missa de Exéquias pela alma do Cardeal (a seguir também o vídeo, em alemão).

Que a sua alma, pela misericórdia de Deus, descanse em paz.


Tributo do Papa Bento XVI por ocasião da Missa de Exéquias do Cardeal Joachim Meisner, em 15 de julho de 2017 

Cidade do Vaticano
11 de julho de 2017 
Nesta hora em que a Igreja de Colônia, assim como os fiéis vindos de lugares mais distantes, dão adeus ao Cardeal Joachim Meisner, uno-me a vós de coração e em pensamentos, lisonjeado por ceder ao desejo do Cardeal Woelki e dirigir-vos uma palavra de reflexão. 

Quando recebi por telefone, na última quarta-feira, a notícia de que o Cardeal Meisner havia morrido, a princípio eu não quis acreditar. Nós nos havíamos falado no dia anterior. Era notável a satisfação em sua voz por estar descansando, depois de haver participado, no domingo anterior (25 de junho), da beatificação de Dom Teófilo Matulionis, em Vilnius, na Lituânia. O seu amor e a sua gratidão pelas igrejas vizinhas no Oriente, que resistiram ao sofrimento dos tempos de perseguição comunista, transformaram-lhe a vida. Por isso, certamente não foi por acaso a última visita de sua vida ter sido feita a um confessor da fé nesses países. 

O que me impressionou particularmente nas últimas conversas com o Cardeal, agora em casa, foi a serenidade, a alegria interior e a confiança que ele havia encontrado. Todos sabemos o quanto foi difícil para ele, cura das almas e pastor apaixonado que era, deixar o seu ofício, e isto justamente em um tempo no qual a Igreja tem necessidade premente de pastores que se oponham à ditadura do zeitgeist ("espírito dos tempos") e que estejam inteiramente determinados a agir e pensar desde uma perspectiva de fé. Todavia, o que mais me impressionou foi que, no último período de sua vida, ele havia aprendido a confiar, vivendo cada vez mais a partir da convicção de que o Senhor não abandona a sua Igreja, mesmo que, em alguns momentos, o barco esteja quase tão cheio ao ponto de afundar. 

Havia duas coisas que, neste período final de sua vida, faziam com que ele se sentisse cada vez mais feliz e confiante: 

- Ele frequentemente me relatava que, em primeiro lugar, enchia-o de profunda alegria experimentar, no sacramento da Penitência, como pessoas jovens, sobretudo rapazes, aproximavam-se para experimentar a misericórdia do perdão, o dom de efetivamente ter encontrado a vida, que só Deus lhes podia dar.

- A segunda coisa, que sempre o comovia e deixava feliz, era o aumento perceptível da adoração eucarística. Para ele, esse foi o tema central da Jornada Mundial da Juventude em Colônia — o fato de ter havido adoração, um silêncio, no qual o Senhor sozinho falou aos corações. Algumas autoridades pastorais e litúrgicas eram da opinião de que um silêncio assim na contemplação do Senhor, com um número tão grande de pessoas, não levaria a lugar algum. Outros ainda opinavam que a adoração eucarística enquanto tal estaria ultrapassada, porque o Senhor gostaria de ser recebido no pão eucarístico, e não de ser contemplado. Mas o fato é que uma pessoa não pode comer desse pão simplesmente como uma forma de se alimentar; receber o Senhor no sacramento da Eucaristia inclui todas as dimensões de nossa existência. Essa recepção tem que ser adoração, e isso foi algo que se tornou, ao mesmo tempo, cada vez mais claro. Aquele período de adoração eucarística na Jornada de Colônia tornou-se um evento interior que permaneceu inesquecível, e não apenas para o Cardeal. A partir de então, ele tinha tinha aquele momento sempre presente diante de si, como uma grande luz.

Quando, em sua última manhã, o Cardeal Meisner não apareceu para a Missa, ele foi encontrado morto em seu quarto. O breviário havia escorregado de suas mãos: ele morreu enquanto rezava, com o rosto voltado para o Senhor, em conversa com Ele. A arte de morrer, que lhe foi dada, novamente demonstrou o modo como ele havia vivido: com o rosto voltado para o Senhor e em diálogo com Ele. Por isso, confiemos a sua alma à bondade de Deus. Senhor, nós vos agradecemos pelo testemunho de vosso servo, Joachim. Deixai-o agora interceder pela Igreja de Colônia e por todo o mundo! Descanse em paz!
Tradução do alemão: Dom Michael Campbell, Bispo de Lancaster (Inglaterra)
Tradução do inglês: Equipe Christo Nihil Praeponere

https://youtu.be/OzMwY9Gyl-8

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