Deus é Juiz ou Salvador?

 



Queridos irmãos e irmãs, estamos no 4º Domingo da Quaresma, Domingo Letare. Esse tempo é ideal para que mudemos as nossas concepções, ideias, o nosso agir diante da nossa vida e da vida em comunidade. Muitas vezes temos uma ideia equivocada de Deus, achando que Ele é juiz terrível, implacável no castigo e tudo isso atrapalha de estarmos livres para segui-lo e obedecê-lo como Pai que quer bem dos seus filhos e filhas.

 

Devemos mudar essa nossa concepção de Deus e a imagem que temos de Deus para que possamos caminhar com gratidão para a Páscoa do Senhor.

 

Se prestarmos atenção na Bíblia nos dá uma imagem diferente de Deus. Desde o começo de formar um Povo de Deus, Ele cria tudo e vê que é bom, cria o homem e a mulher sua imagem e semelhança e demonstra ser um amigo que caminha no jardim de Éden, fazendo comunhão com o ser humano.

 

No episódio do pecado de Adão e Eva, Deus dialoga com Adão e fala com Eva, e desse modo já traça um plano de salvação da humanidade. Durante a história da salvação mostrou-se um Deus presente, que dialoga, que faz aliança e demonstra amizade com a humanidade. Ele é um Deus fiel. Ele nos envia um Deus encarnado que é seu filho, Deus Emanuel, que caminha, sente as dores do povo de perto, cura, ajuda, ressuscita os mortos e liberta o homem da escravidão do pecado e do mal. Deus se faz misericordioso, acolhe o pecador e sempre faz com que a pessoa se arrependa para voltar a amizade com Ele.

 

No Segundo Livro das Crônicas, podemos ver de fato que Deus revela a sua justiça e misericórdia no exílio e age como libertador. Um Deus que é Libertação e Salvação. Aqui nós podemos enumerar a caminhada da salvação desde o Jardim do Éden que assim descreve: a narrativa do pecado do Homem, o castigo devido a transgressão e da desobediência e a demonstração do perdão misericordioso. E ainda podemos constatar que Deus, apesar da infidelidade do povo na Aliança e outras, sempre está próximo. Ele estende a mão e volta a ter compaixão ao Povo, a infidelidade do povo faz com que Jerusalém seja destruída e deportada para a Babilônia a onde não podia estar em oração a Deus devido ser escravo. 


Quando o Povo desobedece e não cumpre a aliança se vive a escravidão. Mas Deus 

tocou um rei pagão Ciro, que permitiu que o Povo de Deus voltasse a sua terra e reconstruísse o seu templo.  No Egito sofreram a escravidão, mas Deus ouviu o clamor e o sofrimento do povo, enviando um libertador Moisés que tira esse povo do cativeiro com mãos poderosas e prestígios, demostrando que é Deus conosco.

Faz uma aliança e dá os Mandamentos, que é a Lei, para que povo obedecendo a ela tornaria uma nação para ser um sinal para todas as outras que Deus é Senhor que é, e está no meio do Povo de Deus e no mundo. Devemos tomar consciência que Deus é misericórdia e a sua justiça se torna uma mão que ampara e levanta o homem decaído pelo pecado. (cf. 2Cr 36,14-16.19-23)


Na carta de São Paulo aos Efésios nos fala que o nosso Deus é misericordioso e a sua misericórdia não tem fim, pois o seu amor é eterno pelo homem que quer fazer comunhão com Ele. Quando estávamos “mortos” pelo pecado e pelas nossas faltas, Jesus vem até nós e pela fé Nele temos a salvação. Deus se faz presente em Cristo, a Ele o poder e a glória para sempre. É preciso crer e esse ato é de fé em Cristo e segui-Lo como Senhor e salvador. É por graça de Deus que somos salvos e ela tem caráter universal e incondicional por parte de Deus, mas depende de nós acatar a salvação de Deus que é dada por Jesus que é a fé e a conversão sincera . (cf. Ef 2,4-10).


O evangelista João nos mostra que Jesus é o salvador e não um juiz que vem só para condenar. O episódio com Nicodemos que vai a noite para conversar com Jesus, portanto aqui a noite  simboliza as trevas. Ele quer encontrar a Luz que é Cristo. São João fala no seu evangelho que Deus amou tanto o mundo que lhe deu o próprio filho e ele não veio para condenar mas para salvá-lo. O mundo aqui representa a humanidade e toda coisa na sua universalidade.

 

Quando o Povo de Deus que caminha no deserto estava morrendo pelas picadas das cobras, Deus pede para Moisés fazer uma haste com uma cobra no alto da haste e que quem olhasse para alto era curado. Embora eles cultuavam a cobra, mas esse acontecimento no deserto prefigurava a figura de Jesus que ia ser levantado na alto cruz. A luz é Cristo e é preciso ir ao encontro Dele, ouvi-Lo e crer Nele para que a salvação venha até nós, mas tudo isso passa pela nossa conversão a Deus.

 

Essa verdade assim está escrita no Evangelho de São João: "Quem nele crê, não é condenado. Mas quem não crê, já está condenado...A Luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas." O que quer dizer isso para nós? A resposta é simples, devemos desfazer dos projetos pessoais que desemboca no egoísmo e no intimismo, mas aderir de modo pleno na proposta de Jesus que é viver em comunidade, ser fraterno, ser solidário, ter compaixão dos outros e viver o amor incondicional aos mais necessitados desse mundo. (cf. Jo 3,14-23).

 

Que essa liturgia de hoje, que é uma celebração já de alegria, uma antecipação, a qual vamos viver no domingo de Páscoa, onde vamos viver o gosto e a alegria grande da ressurreição de Jesus, que traz a salvação a toda humanidade. A salvação se dá na graça de Deus por nós sem restrição de pessoas e tem caráter de universalidade, mas é preciso ter a fé em Cristo, crendo Nele e se arrependendo de todo pecado para podermos ficarmos unidos a Jesus.


Tudo por Jesus nada sem Maria!!!


Jose B. Schumann Cunha

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